segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Estudo 1 - 4º Período

4° PERÍODO


 E
OS JUÍZES.

LIVROS REFERENTES

JOSUÉ
JUÍZES
RUTE
1 SAMUEL
CRONOLOGIA

INÍCIO: Queda de Jericó – 1.406 a.C.

FINAL: Coroação de Saul – 1.044 a.C. (aprox.)



SIGNIFICADO DO PERÍODO
       
O deserto fez um grande bem à geração que, sob o comando de Josué, entrou em Canaã. Não houve qualquer vestígio de rebelião contra a autoridade de Josué, que teve a difícil missão de substituir Moisés, talvez o personagem bíblico mais semelhante a Cristo. Moisés já os tinha deixado, mas seus últimos conselhos registrados em todo o livro de Deuteronômio, jamais foram esquecidos e marcaram aquela geração. Parece que Deus usou o deserto e a própria vida de Moisés para fazê-la amadurecer.
Josué obteve grandes vitórias e lutou incansavelmente, contra um total de trinta e um reis de cidades-estados, mas, mesmo assim muita terra ainda tinha ficado para ser conquistada, quando morreu aos cento e dez anos de idade. Pelo tamanho da missão ficou comprovado que a geração rebelde, que se extinguiu no deserto, não estava preparada para apossar-se de Canaã. A queda de Jericó, no ano de 1.406 a.C. marcou o inicio desse período, mas efetivamente, essa missão só veio a ser concluída sob o reinado de Davi, por volta do ano 1.000 a.C.
Israel foi comandado por Josué durante cerca de trinta anos, marcados por grandes desafios, que se tornaram menos penosos pela disposição das tribos de colocar em prática todos os ensinos que lhes foram deixados por Moisés. Canaã foi a herança dada por Deus a Israel, mas foi necessário que Israel lutasse por ela.
Os Juizes foram lideres que comandaram o povo de Israel nos vários momentos de crise, que se sucederam após a morte de Moisés e Josué, cujas lideranças fizeram muita falta para manter a unidade entre as doze tribos. Essa condição é claramente registrada por Débora em seu maravilhoso cântico (Juizes 5) e em vários episódios desse período conturbado da história da nação de Israel. Quando o povo pecava as crises voltavam, pois Israel ficava sem a proteção de Deus. Nas crises o povo clamava a Deus, que intervinha trazendo livramento, momentos que se repetiram até os dias de Samuel, o último juiz de Israel.









ESTUDO 1
JOSUÉ E AS CONQUISTAS DE UMA GERAÇÃO TEMENTE A DEUS


1)       UMA GERAÇÃO QUE FOI EXEMPLO AOS SEUS PAIS:

No final do Livro de Deuteronômio consta importante registro que diz respeito à sucessão de Moisés por Josué:
“Os filhos de Israel prantearam Moisés por trinta dias, nas campinas de Moabe; então, se cumpriram os dias do pranto no luto por Moisés.
Josué, filho de Num, estava cheio do Espírito de sabedoria, porquanto Moisés impôs sobre ele as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés.
Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o Senhor houvesse tratado face a face” (Deuteronômio 34.8-10). O registro bíblico deixa transparecer que Israel sentiu muito a morte de Moisés, que até hoje ainda é um mistério, daqueles que se enquadram numa das últimas frases que Moisés pronunciou:
“As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29:29).
Josué sempre esteve ao lado de Moisés em todas as lutas na jornada pelo deserto, e não se corrompeu, tendo com isso o privilégio de entrar em Canaã. Moisés teve o cuidado de passar a sucessão para Josué antes de partir, impondo sobe ele as mãos; isso foi importante para que os israelitas o aceitassem como novo líder.
Josué, como todo o povo de Israel, ainda estava com o coração enlutado e talvez sem forças para assumir a função de um líder praticamente insubstituível, por isso Deus o encorajou:
“Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te, agora, passa este Jordão, tu e este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel...
Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.
Sê forte e corajoso,...
Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado segundo toda a lei que o meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem sucedido por onde quer que andares.
Não cesses de falar desse Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido.
Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Josué 1.2-9).
Esse texto deve servir de exemplo principalmente para os jovens que têm que tomar as decisões mais importantes da vida, mas sem cometer erros, que poderão ser fatais e repercutirem para o resto da vida. Para ser bem sucedido, só há uma opção a tomar: usar a Palavra de Deus para iluminar o nosso caminho e indicar-nos a direção certa.
Josué atendeu a exortação de Deus, e o mesmo aconteceu com a geração que aprendeu juntamente com ele a depender de Deus no deserto. A Lei de Deus, e todas as exortações do grande líder Moisés foram postas em prática. Por isso, Josué não enfrentou nenhuma rebelião nos trinta anos em que esteve sozinho à frente do povo. No final do Livro de Josué há um registro que testemunha esse fato:
“Depois dessas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num, servo do Senhor, faleceu com a idade de cento e dez anos... Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué e que sabiam todas as obras feitas pelo Senhor a Israel... (Josué 24:29,31).
Na realidade Josué e a geração da conquista de Canaã conviveram durante setenta anos, sendo que nos primeiros quarenta anos o líder era Moisés, e nos trinta anos que se sucederam o líder foi Josué. Pelo relato do final do Livro de Josué, podemos imaginar que o ciclo abençoado de Israel durou até a morte de Finéias, neto de Arão, pois a partir daí, parece ter se iniciado um período de instabilidades, muito característico do Livro dos Juizes, em que o povo afastava-se de Deus atraindo sofrimento, e depois clamava a Deus, que levantava juízes, os quais eram líderes espirituais e políticos, que os libertava da opressão dos inimigos.


2)       A TRAVESSIA DO JORDÃO:

Ao ser encorajado por Deus, Josué assumiu prontamente, convocou a liderança do povo e anunciou-lhes que dentro de três dias haveriam de atravessar o rio Jordão. Foi muito importante a resposta do povo:
“Então, responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos.
Como em tudo obedecemos a Moisés, assim obedeceremos a ti; tão somente seja o Senhor, teu Deus, contigo, como foi com Moisés.
Todo homem que se rebelar contra as tuas ordens e não obedecer às tuas palavras em tudo quanto lhe ordenares será morto; tão somente sê forte e corajoso” (Josué 1:16-18).
Esse registro mostra o quanto aquela geração tinha aprendido no deserto.
O rio Jordão era o primeiro desafio a ser vencido para entrar em Canaã. O rio Jordão é um rio estreito e raso próximo ao mar da Galiléia onde nasce, mas à medida que se aproxima do mar Morto onde deságua, ele se torna acidentado, assemelhando-se a um quenion. Era a época das cheias e o rio Jordão, conforme registra Josué 3:15, estava transbordando sobre as suas ribanceiras que tinham aproximadamente treze metros de altura. Portanto, devido a essas circunstâncias, não era um desafio fácil de ser vencido, pois não havia barco para fazer a travessia do rio. Temos que também levar em conta que havia mulheres, idosos, crianças e animais.
Na véspera de acontecer a travessia, Josué pronunciou uma frase que se tornou célebre:
“Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Josué 3:5).
Os capítulos três e quatro do Livro de Josué detalham todo o procedimento e como aconteceu o milagre da travessia do rio Jordão. Josué separou doze homens que representassem cada tribo de Israel, para que cada um deles apanhasse uma pedra do fundo do rio como testemunho desse feito de Deus. As águas do rio Jordão se secaram a partir do instante em que os pés dos sacerdotes tocaram-nas. As águas do rio Jordão, pararam na região da cidade de Adã, que ficava ao norte, cerca de 30 km do local da travessia. Os sacerdotes pararam então no meio do rio até que todo o povo passasse. Após passar todo o povo, os doze representantes das tribos de Israel apanharam doze pedras das quais Josué construiu um memorial, para as futuras gerações. Deus prometeu a Josué que haveria de engrandecê-lo perante todo o povo de Israel (ler Josué 3:7). Em Josué 4:14 está o cumprimento daquela promessa:
“Naquele dia, o Senhor engrandeceu a Josué na presença de todo o Israel; e respeitaram-no todos os dias da sua vida, como haviam respeitado a Moisés”.
O lugar da travessia ficou marcado de maneira especial conforme registra Josué 5:9:
“Disse mais o Senhor a Josué: Hoje, removi de vós o opróbrio do Egito, pelo que o nome daquele lugar se chamou Gilgal até o dia de hoje”.
Em Gilgal foi celebrado a primeira Páscoa na terra prometida Canaã, conforme registra Josué 5:10-12:
“Estando, pois, os filhos de Israel acampados em Gilgal, celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó.
Comeram do fruto da terra, no dia seguinte a Páscoa; pães asmos e cereais tostados comeram nesse mesmo dia.
No dia imediato, depois que comeram do produto da terra, cessou o maná, e não o tiveram mais os filhos de Israel; mas naquele ano comeram das novidades da terra de Canaã”.
Vemos então que Gilgal foi muito marcante na História de Israel. Primeiramente Gilgal foi o lugar em que Deus tirou toda a humilhação de Israel, o qual tinha sido um povo escravo no Egito. Existe muita ligação entre o significado Gilgal e um trecho da profecia de Joel que diz:
“Alegrai-vos, pois, filhos de Sião...
Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado.
Sabereis que estou no meio de Israel e que eu sou Senhor, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado”  (Joel 2:23-27).
Gilgal também ficou marcado pela primeira Páscoa em Canaã. Outro fato histórico muito importante que também aconteceu em Gilgal foi que ali cessou o maná, no dia seguinte à Páscoa. A partir desse dia o maná não foi mais necessário, pois Israel encontrou alimentos em abundância em Canaã.
A História registra que o rio Jordão sofreu vários represamentos que foram causados por terremotos, que aconteceram nos anos de 1.267, 1.906, 1.924 e 1.927, e possivelmente em outros anos. Se o represamento do rio Jordão, próximo a cidade de Adã, foi um fenômeno natural, isso não diminui o valor do milagre, pois Deus é Senhor, criador e controlador da natureza, por isso poderia tê-lo causado no dia em que os sacerdotes tocaram com os pés nas águas do rio Jordão.


3)       A TOMADA DE JERICÓ:

Jericó era o primeiro desafio a ser vencido, após Israel atravessar o rio Jordão.
Josué teria que enviar espias para fazer reconhecimento do local. Talvez, por lembrar-se do episódio de Cades-Barnéia, Josué preferiu enviar apenas dois espias, escolhidos com muito critério. Em todo o transcorrer da missão, esses espias demonstraram sabedoria e maturidade. Os espias dirigiram-se à casa de uma prostituta da cidade, pois isso seria um fato corriqueiro, e não levantaria suspeita sobre eles.
Raabe, a prostituta visitada pelos olheiros de Josué, tinha conhecimento de todas as ações que Deus realizara no Egito mesmo após se passarem quarenta anos.
O encontro dos espias com Raabe foi surpreendente e encorajador para eles, conforme ficou registrado:
“Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados.
Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes.
Ouvindo isto, desmaiou-nos o coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor, vosso Deus, é Deus, em cima nos céus e em baixo na terra” (Josué 2:8-11).
Raabe deve ter se tornado uma prostituta por contingências da vida, pois todo o seu procedimento nesse episódio foi de uma mulher sábia; não foi por acaso que Deus direcionou os espias até ela, que acolheu-os, deu-lhes proteção e fez-lhes um pedido sábio:
“Agora, pois, jurai-me, vos peço, pelo Senhor que, assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai; e que me dareis um sinal certo de que conservareis a vida a meu pai e a minha mãe, como também a meus irmãos e minhas irmãs, com tudo o que têm, e de que livrareis a nossa vida da morte.
Então lhe disseram os homens: A nossa vida responderá pela vossa se não denunciardes esta nossa missão; e será, pois, que, dando-nos o Senhor esta terra, usaremos contigo de misericórdia e de fidelidade” (Josué 2:12-14).
Os espias pediram que Raabe colocasse um cordão vermelho atado à janela por onde ela os tinha feito descer, pois sua casa era construída em cima do muro da cidade. Esse cordão vermelho evitaria que sua casa fosse atacada ou destruída. Esse cordão, simbolicamente representava o sangue de Jesus que viria a ser derramado na cruz quatorze séculos depois, para pagar pelos pecados dos pecadores arrependidos e livrá-los da perdição eterna. Raabe demonstrou ser uma pessoa muito prudente, por isso assim que os dois espias se foram, ela imediatamente tratou de atar o “cordão de escarlata à janela” (Josué 8:21b).
Raabe foi uma autêntica profeta de Deus, que abençoou Josué e todo o povo de Israel, pois “profeta” é todo aquele que fala em nome de Deus. Ela profetizou e creu que Deus destruiria Jericó, e isso trouxe ânimo à Josué e aos dois espias, quando encontraram-se para avaliar os acontecimentos. As palavras de Raabe fizeram com que Josué e seus dois mensageiros tivessem plena convicção da grande obra que Deus estava para fazer no meio de seu povo.
Após acontecer a travessia do rio Jordão, Deus orientou Josué sobre todo o procedimento para a tomada de Jericó, que “estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía, nem entrava” (Josué 6:1).
Deus ordenou que todos os homens de guerra de Israel, que deveriam ser seiscentos mil, teriam que rodear Jericó durante seis dias, uma vez em cada dia, mas no sétimo dia deveriam rodeá-la sete vezes. Após ser concluída a sétima volta do sétimo dia, todos deveriam gritar ao mesmo tempo, quando o sacerdote tocasse as trombetas.
Em Josué 6:17 temos importante registro de uma ordem de Deus que diz:
“Porém a cidade será condenada, ela e tudo quanto nela houver; somente viverá Raabe, a prostituta, e todos os que estiverem com ela em casa, porquanto escondeu os mensageiros de Deus que enviamos”.
A prostituição era condenada pela Lei, que a punia com morte por apedrejamento. É curioso o fato de que Deus, ao dar ordem a respeito de Raabe, não ocultou que ela era uma prostituta. A Lei não foi devidamente entendida pelos judeus, e por muitos ainda nos dias de hoje. Deus é justiça, mas também é amor, por isso Ele deu atenção especial à Raabe. Para Deus, Raabe era a melhor pessoa daquela cidade, e tornara-se a pessoa mais importante de sua família, pois se não fosse por ela, todos os seus parentes também morreriam com a destruição da cidade. Isso nos ensina que não devemos olhar para certas classes de pessoas com ar de superioridade, porque isso é contrário à exortação bíblica que diz:
“Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (1Pedro 5:5b).
Raabe creu no poder de Deus e humilhou-se diante dos espias, pedindo misericórdia. O rei Davi fala que Deus jamais despreza um coração quebrantado (ler Salmo 51:17), e foi isso que aconteceu na vida de Raabe.
 Após a cidade de Jericó ser destruída, Josué pediu aos dois espias que cumprissem o compromisso assumido com Raabe, tirando-a de sua casa, juntamente com toda a sua família, e com todos os seus pertences (ler Josué 6:22-25). O reencontro entre os dois espias e a família de Raabe deve ter acontecido debaixo de muita emoção, levando ambas as partes às lágrimas; eram lágrimas de alegria pelo reencontro, já em outras circunstâncias e em situação inversa, pois se em outro momento ela lhes tinha concedido livramento, agora eles retribuíram o bem que ela lhes fizera. São momentos assim que tornam nossa vida melhor nesse mundo mau, que sofre com a indiferença e a discriminação, resultantes da falta de amor entre as pessoas.
Deus concedeu à Raabe livramento da morte, mas não o fez com as “boas pessoas” daquela cidade, porque Ele vê além das aparências. Não devemos nos preocupar tanto com o que as pessoas ou a sociedade pensa de nós, mas sim com Deus, que sabe todas as coisas e nos conhece mais do que nós mesmos.
Raabe foi uma mulher sábia, que pediu livramento ao Deus de Israel, demonstrando possuir uma grande fé. Deus atendeu a oração de Raabe e fez em sua vida uma obra maravilhosa, pois Raabe abandonou a sua desonrada profissão e veio a casar-se com um importante descendente de Judá, e teve, com isso, o grande privilégio de fazer parte da genealogia de Jesus, e chegou a figurar entre os heróis da fé (ler Hebreus 11:31).
O profeta Miquéias, em oração, registra o que Deus pode fazer na vida de uma Raabe, de Jericó ou de qualquer pessoa que se sinta uma grande pecadora:
“Quem ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança?
O Senhor não retêm a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia...
Pisará aos pés todas as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miquéias 7:18,19).
A Física explica que se uma tropa marchar sobre uma ponte, pode fazê-la ruir, pois as vibrações da marcha podem provocar desagregação das moléculas do material da estrutura da ponte; por isso ao atravessar uma ponte a pé, qualquer tropa tem que caminhar desordenadamente. Em vista disso, é possível que as marchas do exército de Israel em volta de Jericó tenham desencadeado a queda das imponentes muralhas da cidade. Se aconteceu dessa forma, glória a Deus por isso, pois ele é Senhor da Ciência. Se foi por um terremoto, também devemos dar glórias a Deus, pois, nesse caso o terremoto aconteceu exatamente no momento em que os sacerdotes tocaram as trombetas e o exército gritou a uma só voz. Mas também devemos dar glórias a Deus porque o trecho do muro onde estava a casa de Raabe ficou intacto, enquanto todo o muro restante da cidade desmoronou, tornando o milagre maior e incontestável.


4)       A MALDIÇÃO DE ACÃ:

Em Josué 6:18 está registrada uma ordem de Deus, que tinha que ser cumprida pelo seu povo durante a conquista de Canaã que diz:
“Tão somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim tornareis maldito o arraial de Israel e o confundais”.
Por ocasião da tomada de Jericó, Acã pecou ao esconder debaixo de sua tenda uma capa babilônica, dois quilos e quatrocentos gramas de prata e uma barra de seiscentos gramas de ouro. O pecado de Acã trouxe maldição sobre todo o arraial de Israel, conforme Deus advertira previamente.
Sem saber da atitude de Acã, Josué enviou uma tropa de Israel em direção à cidade de Ai para tomá-la, mas surpreendeu-se com a resistência da cidade, que causou a morte de cerca de trinta e seis israelitas e fez o restante da tropa bater em retirada. O registro bíblico diz:
“O coração do povo se derreteu e se tornou como água” (Josué 7:5b).
Ao sentir o sabor da primeira derrota, Josué, na sua humanidade, viu o chão sair debaixo de seu pés, mas fez o que tinha aprendido com Moisés: orou a Deus inquirindo dEle a resposta, ao que Deus respondeu:
“Israel pecou, e violaram a minha aliança, aquilo que eu lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram, e dissimularam, e até debaixo de sua bagagem o puseram...
Já não serei convosco, se não eliminardes de vosso meio a coisa roubada...
Há coisas condenadas no vosso meio, ó Israel; aos vossos inimigos não podereis resistir, enquanto não eliminardes do vosso meio as coisas condenadas” (Josué 7:11-13).
Josué, seguindo a orientação de Deus, lançou sorte, que recaiu sobre a tribo de Judá e finalmente chegou até Acã. Josué foi até Acã e procedeu de um modo que deve servir de exemplo para nós, desestimulando-nos a sermos cruéis com as pessoas que cometem um grave delito:
“Disse Josué a Acã: Filho meu, dá glória ao Senhor, Deus de Israel, e a Ele rende louvores; e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (Josué 7:19).
Acã confessou o seu pecado. Então Josué mandou apanhar esses objetos amaldiçoados. Acã e sua família foram apedrejados. Depois foram queimados, junto com todos os seus bens e todos os objetos roubados.
Deus agia com certa dureza naqueles dias porque Israel era um povo embrutecido, que estava se formando como nação e tinha que assumir sua responsabilidade como povo santo, pois um mau exemplo poderia contaminar toda nação e levá-la à destruição. Israel era como uma criança recém-nascida, por isso tinha muito o que aprender com Deus.
Com a eliminação da maldição que tinha caído sobre Israel, Josué reordenou seu exército em direção a cidade de Ai, que dessa vez pode ser vencida (ler Josué capítulo 8).
O episódio que envolveu Acã serve de lição para os homens: ao contrário do que pensa nossa sociedade, a Bíblia nos ensina que o homem, como o chefe da casa tem muito mais responsabilidades do que privilégios e, que, se ele não cumprir bem o seu papel, toda a família poderá pagar por seus erros, como aconteceu com a família de Acã. Um pai de família que gasta todo o seu salário em jogos, sejam eles de qualquer espécie, poderá levar sua família a morar debaixo de uma ponte.
O mal de nossas famílias e até da nossa sociedade não é culpa das mulheres e nem das sogras, mas dos homens, por causa da responsabilidade que Deus lhes deu. É da natureza do homem não se ligar muito nas coisas da casa, mas ele não pode esquecer-se de que é dele que Deus cobrará tudo o que acontecer na sua casa. A célebre frase que Deus, no Édem, pronunciou a Adão “Onde estás?” (Gênesis 3:9b), deve estar permanentemente na memória do homem. Mas o que acontece é que geralmente nós, homens, por comodidade e até irresponsabilidade, preferimos usar a mesma resposta que Adão usou para Deus, transferindo assim a nossa responsabilidade para outros.


5)       A RENOVAÇÃO DA ALIANÇA:

Quando foi selado o pacto entre Deus e Israel, cujos termos estão registrados em Deuteronômio capítulo 28, Moisés e o povo achavam-se à leste do rio Jordão. Mas o juramento, conforme Moisés ordenara tinha que ser feito junto aos montes Ebal e Gerizin, que ficavam à oeste do rio Jordão, ou seja, do outro lado. Como Moisés não pôde entrar em Canaã, esse juramento foi celebrado por Josué, após atravessar o rio Jordão, e, depois de vencer os desafios Jericó e Ai. Josué registrou todo o procedimento desse momento tão importante para Israel e até para nós:
“Então, Josué edificou um altar ao Senhor, Deus de Israel, no monte Ebal, como Moisés, servo do Senhor, ordenara aos filhos de Israel, segundo o que está escrito no Livro da Lei de Moisés, a saber, um altar de pedras toscas, sobre o qual se não manejara instrumento de ferro; sobre ele ofereceram holocaustos ao Senhor e apresentaram ofertas pacíficas.
Escreveu, ali, em pedras, uma cópia da lei de Moisés, que já este havia escrito diante dos filhos de Israel.
Todo o Israel, com os seus anciãos, e os seus príncipes, e os seus juízes estavam de um e de outro lado da arca, perante os levitas sacerdotes que levavam a arca da Aliança do Senhor, tanto estrangeiros como naturais; metade deles, em frente do monte Gerizim, e a outra metade, em frente do monte Ebal; como Moisés, servo do Senhor, outrora, ordenara que fosse abençoado o povo de Israel.
Depois, leu todas as palavras da lei, a benção e a maldição, segundo tudo o que está escrito no Livro da Lei.
Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse para toda a congregação de Israel, e para as mulheres, e os meninos, e os estrangeiros que andavam no meio deles. (Josué 8:30-35).
Moisés ordenou que fosse construído um altar de pedras toscas, para que ficasse como memorial. Esse altar foi construído no monte Ebal, que simbolizava as maldições, talvez para que o povo de Deus pudesse lembrar-se mais delas, porque as bênçãos, Deus já nos dá naturalmente, se obedecermos.
As pedras não podiam ser trabalhadas com nenhum instrumento de ferro, talvez porque isso era muito comum no Egito e nas outras nações, que faziam imagens e colunas, para adoração a deuses falsos, que são demônios. Isso era uma forma de cortar o mal pela raiz.
O conteúdo do pacto, ou da aliança, está registrado em Levítico, capítulo 26 e em Deuteronômio, capítulo 28. Vale a pena relê-los.


6)       CALEBE CONQUISTA HEBROM:

Hebrom era uma cidade muito fortificada, em uma região montanhosa e quase intransponível, e foi uma daquelas cidades que assustou os dez espias incrédulos, que juntamente com Josué e Calebe, foram por ordem de Moisés vistoriar a terra de Canaã. Após o relatório, o povo rebelou-se contra Moisés e Arão em Cades-Barnéia, que encontra-se registrado em Números, capítulos 13 e 14.
Calebe teve o privilégio de enfrentar esse grande desafio e vencê-lo, conforme registrou Josué:
“Chegaram os filhos de Judá a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, lhe disse: tu sabes o que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barnéia, a respeito de mim e de ti.
Tinha eu quarenta anos quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra; e eu lhe relatei como sentia no coração.
Mas meu irmãos que subiram comigo desesperaram o povo; eu, porém, perseverei em seguir o Senhor meu Deus.
Então, Moisés, naquele dia, jurou, dizendo: certamente, a terra em que puseste o pé será tua e de teus filhos, em herança perpetuamente, pois perseveraste em seguir o Senhor, meu Deus.
Eis, agora, o Senhor me conservou em vida, como prometeu; quarenta e cinco anos há desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e, já agora, sou de oitenta e cinco anos.
Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar.
Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia, pois, naquele dia, ouviste que lá estavam os anaquins e grandes e fortes cidades; o Senhor, por ventura, será comigo, para os desapossar, como prometeu” (Josué 14:6-13).
Calebe deu-nos um grande exemplo ao pedir a bênção mais difícil de ser conseguida, pois não era uma bênção pronta, Calebe tinha que lutar por ela. Já tinham se passado quarenta e cinco anos desde o tempo em que ele ali estivera entre os doze espias, mas seu ânimo permaneceu o mesmo, apesar de já estar com oitenta e cinco anos de idade. Sua fé era tão grande, que mesmo assim ele teve forças para enfrentar o desafio; suas forças não eram suas propriamente, mas vinham de Deus em quem ele tanto confiava.


7)       O TRATADO COM GIBEÃO:

Gibeão era uma cidade Cananéia, que distava cerca de trinta kilômetros de Gilgal e dez kilômetros de Jerusalém, situando-se nas terras que coube a tribo de Benjamim, por ocasião da divisão de Canaã entre as tribos.
Gibeão fez o contrário dos reis de Canaã, pois enquanto eles resolveram formar uma coligação contra Israel, Gibeão preferiu aliar-se a esse povo que era diferente de todos os outros, que servia a um Deus poderoso, acima de todos os deuses, e, que por isso, era invencível.
A estratégia que os gibeonitas usaram para fazerem-se vassalos de Israel foi que utilizaram-se de roupas e sandálias envelhecidas, pães secos e bolorentos, e vinho em odres rotos e remendados, para que pudessem fazer Israel entender, que tinham vindo de uma terra muito distante, e que tudo o que eles tinham trazido se envelhecera no caminho, devido a distância que era muito grande.
Josué era um líder sobrecarregado, que acumulava as funções de líder espiritual e general em todas as batalhas, que teve que enfrentar. É possível que talvez por esse motivo ele tenha passado esse assunto para um conselho de anciãos, que recebeu as provisões inúteis e estragadas dos gibeonitas, conforme ficou registrado em Josué 9:14 que diz:
“Então, os israelitas tomaram da provisão e não pediram conselho ao Senhor”.
O acordo ficou firmado e, segundo está registrado “os príncipes da congregação lhes prestaram juramento” (Josué 9:15b).
Poucos dias depois de ter sido feito o acordo Israel descobriu que tinha sido enganado, pois os gibeonitas eram seus vizinhos, e que para chegar à sua região foram necessários apenas três dias de caminhada. Quando o povo soube desse fato aconteceu um incidente, que foi registrado por Josué:
“Os filhos de Israel não os feriram, porquanto os príncipes da congregação lhes juraram pelo Senhor, Deus de Israel; pelo que toda congregação murmurou contra os príncipes.
Então, todos os príncipes disseram a toda a congregação: Nós lhes juramos pelo Senhor, Deus de Israel; por isso não podemos tocar-lhes.
Isto, porém, lhes faremos: Conservar-lhes-emos a vida, para que não haja grande ira sobre nós, por a causa do juramento que já lhes fizemos” (Josué 9:18-20).
Josué declarou aos gibeonitas que eles tinham se tornado malditos, por causa da farsa que tinham feito, mas Josué não pôde neles tocar, por causa do pacto assumido com eles diante de Deus. Para os gibeonitas tudo passou a ser lucro, pois se deram por felizes ao saber que não iam morrer, conforme ficou registrado:
“Então, responderam a Josué: É que se anunciou aos teus servos, como certo, que o Senhor, teu Deus, ordenara a seu servo Moisés que vos desse toda essa terra e destruísse todos os moradores dela diante de vós. Por isso, tememos muito por nossa vida por causa de vós e fizemos assim.
Eis que estamos na tua mão; trata-nos segundo te parecer bom e reto.
Assim lhes fez e livrou-os das mãos dos filhos de Israel; e não os mataram.
Naquele dia, Josué os fez rachadores de lenha e tiradores de água para a congregação e para o altar do Senhor, até ao dia de hoje, no lugar que Deus escolhesse.” (Josué 9:24-27).
O tratado com Gibeão traz-nos várias lições. Qualquer decisão que tivermos que tomar, temos que consultar a Deus, ao contrário dos anciãos de Israel, que disso se esqueceram, por isso foram enganados.
Qualquer acordo que fazemos com quem quer que seja ou de qualquer natureza, é feito diante de Deus que está em todo lugar e é testemunha de tudo que fazem os filhos dos homens.
Se fizermos qualquer acordo, por pior que seja, temos que cumpri-lo, custe o que custar. Os líderes de Israel ao serem pressionados pelo povo, admitiram o erro, mas tiveram que cumprir tudo o que tinham acertado com os gibeonitas, senão o pecado deles seria maior diante de Deus.
Para sabermos a repercussão que nos trará uma decisão, por mais simples que possa parecer, só consultando primeiramente a Deus. Vale lembrar que Israel surpreendeu-se quando soube que tinham feito acordo com quatro cidades em que viviam os gibeonitas, que eram Gibeão, Cefira, Beerote e Quiriate-Jearim.
O rei Saul, cerca de trezentos e oitenta anos depois, quebrou o pacto que Israel tinha feito, ao matar gibeonitas durante o seu reinado. O erro de Saul trouxe conseqüências alguns anos depois, quando reinava Davi, sucessor de Saul. Israel foi castigado com uma fome que durou três anos.
Davi consultou a Deus que lhe mostrou a causa daquela fome:
“Há culpa de sangue sobre Saul e sobre sua casa, porque ele matou os gibeonitas” (2 Samuel 21:1b).
A quebra do pacto trouxe maldição sobre Israel. Davi teve que entregar aos gibeonitas sete descendentes de Saul, para que fossem enforcados, e assim dar fim a seca em Israel. Davi poupou Mefibosete, filho de Jônatas, por causa do pacto que assumira com Jônatas, mas entregou aos gibeonitas um outro Mefibosete, que era filho de Rispa, uma concubina de Saul, e outros seis que também eram descendentes de Saul. Após os gibeonitas enforcarem os descendentes de Saul, ficou registrado como terminou essa história:
“Depois disto, Deus se tornou favorável para com a terra” (2 Samuel 21:14b).


8)       O DIA QUE FALTA EM NOSSO CALENDÁRIO:

Quando Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém soube que a cidade de Gibeão tinha acertado um tratado com Israel, coligou-se com outros cinco reis para atacar Gibeão. Entre essas cidades estavam Hebrom e Laquis, cidades altamente fortificadas em região montanhosa e de difícil acesso. Esses cinco reis juntaram seus exércitos e cercaram Gibeão, que pediu socorro a Israel, que, por causa do pacto assumido, teve que socorrê-la.
A batalha foi dura e Israel só conseguiu vencê-la porque Deus interveio, fazendo com que a vitória pendesse para o lado de Israel, conforme está registrado:
“Fez o Senhor cair dos céus sobre eles grandes pedras, até Azeca, e morreram. Mais foram os que morreram pela chuva de pedra, do que os mortos à espada pelos filhos de Israel. (Josué 10.11b)
A batalha estava acirrada e iria entrar noite adentro, quando então Josué diante de Deus bradou:
“Sol, detém-te em Gibeão, e tu, lua, no vale de Aijalom. E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou dos seus inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos? O sol, pois, se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.
Não houve dia, semelhante a este, nem antes, nem depois dele, tendo o Senhor, assim, atendido à voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel.” (Josué 10:12-15).
O texto afirma que o sol “não apressou a pôr-se”, e isso nos dá a entender que Deus alterou os movimentos de rotação e translação da Terra.
Esse fato foi confirmado por pesquisadores conforme transcrição a seguir:
“Cientistas da NASA, a agência espacial norte-americana, no início da década de 80, em Green Belt, Maryland, dedicaram-se a uma exaustiva pesquisa, com o uso dos mais modernos recursos da Informática, para estabelecer a posição exata do Sol, da Lua e dos diversos planetas do nosso sistema solar durante o milênio. Harold Hill, presidente da companhia de engenharia Curtis, com sede na cidade de Baltimore, também em Maryland, relata sua experiência no cargo de consultor do programa espacial daquele período:
‘Precisamos desses dados para que satélites possam ser lançados ao espaço para missões de exploração de novos corpos celestes sem que entrem em rota de colisão com qualquer um deles. Como pretendemos construir foguetes não-tripulados com autonomia para muitas e muitas décadas no espaço, precisamos traçar sua trajetória com precisão para que as gerações futuras venham a receber e analisar os dados enviados por eles. Nós e os cientistas da NASA, descobrimos que falta um dia no calendário universal. Envolvido nesta pesquisa, pude presenciar uma descoberta fantástica: falta um dia na história do universo!’
Eis como tudo aconteceu: Os engenheiros da NASA colocaram os dados no computador para que ele determinasse a exata posição dos astros, tanto no passado quanto no futuro, e então surgiu um impasse. O computador subitamente interrompeu o programa e mostrou na tela um aviso de que havia algo errado nos números que lhe serviram de base para os cálculos. Entretanto, havia entre eles um evangélico que falou sobre a história de Josué. Os engenheiros da IBM foram imediatamente chamados para verificação de um possível defeito e, após um cuidadoso exame de toda a rede de informática, garantiram que estava tudo em ordem. Foi então, que esse membro evangélico que fazia parte da equipe, lembrou-se de que Josué, segundo os textos sagrados, certa ocasião ordenara ao Sol que parasse e contou o episódio aos seus colegas. Ninguém acreditou, a princípio, pois todos os outros cientistas eram acostumados a fatos concretos. Assim, eles o desafiaram a provar o que dizia. O cientista, ao ser desafiado, pegou a Bíblia e mostrou Josué 10:12 ‘Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel; e disse, na presença dos israelitas: Sol, detém-te sobre Gibeom, e tu, lua, no vale de Aijalom’. Explicou-lhes que Josué se encontrava rodeado por inimigos e se a  noite caísse, eles poderiam sobrepujá-lo. Pediu, portanto, a Deus que o Sol parasse, e assim aconteceu, o Sol não se pôs o dia todo.
Depois destas explicações, resolveram colocar esses novos dados nos computadores para ver se era realmente o dia que faltava e, voltando no tempo, achamos uma resposta aproximada. O período que faltava no tempo por causa do pedido de Josué era de 23 horas e 20 minutos; não era, portanto, um dia inteiro, conforme garantiam os computadores da NASA. Com esse resultado, os cientistas voltaram ao livro de Josué e acharam o capítulo 10 v.13: ‘E o Sol se deteve, e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos... O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro’. Bem, o texto bíblico confirmava que não era exatamente um dia inteiro e esse achado foi muito importante, mas ainda assim continuavam em dificuldades, porque faltavam 40 minutos, e não é possível realizar cálculos para séculos futuros com um erro desse tipo.
Após algum tempo, aquele cientista evangélico se lembrou de outra passagem bíblica que mencionava outro episódio a respeito do sol. Dessa vez o astro maior teria regredido no tempo. Todos ficaram atônitos... absolutamente mudos! Novamente o primeiro impulso foi de descrédito, porém, utilizando-se de um programa específico para consultas bíblicas, chegaram ao seguinte texto: II Reis 20: 8 a 11 – ‘Ezequias disse a Isaías: Qual será o sinal de que o Senhor me curará, e de que ao terceiro dia subirei à casa do Senhor? Respondeu Isaías: Ser-te-á isto da parte do Senhor como sinal de que Ele cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus, ou os retrocederá? Então disse Ezequias: É fácil que a sombra adiante dez graus; tal, porém, não aconteça, antes retroceda dez graus. Então o profeta Isaías clamou ao Senhor; e fez retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz’.
Ficaram todos quietos naquele momento. A incredulidade por causa daquilo que é concreto foi fulminada pelas palavras de um livro milenar, muitas vezes ignorado. Dez graus são exatamente 40 minutos que, somados às 23 horas e 20 minutos do tempo utilizado por Josué, formam precisamente às 24 horas (um dia) faltantes em nossos cálculos”.
(Texto extraído de depoimento do Dr. Harold Hill e adaptado pela Revista Plenitude nº13 - enviado por Paulo Henrique Vieira).


9)       O INCIDENTE DO ALTAR JUNTO AO RIO JORDÃO:

A região de Gileade situava-se a leste do rio Jordão, onde tinham existido dois reinos que Israel destruiu, com Moisés ainda à frente do povo: Hesbom, cujo rei era Seom, e Basã, cujo rei era Ogue, o rei que tinha uma cama de ferro. Gileade era uma região aprazível de campinas verdejantes, e onde se produzia o famoso bálsamo de Gileade, que tinha propriedades medicinais e era comercializado para várias nações. O bálsamo de Gileade era uma das mercadorias que levava a caravana de ismaelitas que comprou José de seus irmãos e o vendeu no Egito (Gênesis 37:25).
Após Israel despojar os reis Seom e Ogue, as tribos de Rúbem e Gade pediram a Moisés que lhes dessem aquela terra como herança, porque tinham muito gado. Moisés atendeu-lhes com uma condição: eles deixariam ali sua famílias e rebanhos, mas teriam que atravessar o rio Jordão para ajudar as outras tribos na conquista da porção maior de Canaã, que ficava do outro lado, à oeste do rio Jordão. Seus guerreiros só poderiam voltar para Gileade quando as tribos restantes estivessem assentadas (Números 32:1,32). Moisés exortou as tribos de Rúbem e Gade, dizendo que o seu compromisso era muito sério, e, caso não cumprissem, estariam cometendo um grande pecado, e para isso deixou-lhes uma advertência que tornou-se célebre e importante até para nós nos dias de hoje, que diz
“Porém, se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o Senhor; e sabei que o vosso pecado vos há de achar” (Números 32:23).
Na divisão de Canaã entre as tribos de Israel, Manassés foi a única tribo que ficou dividida pelo rio Jordão, uma metade em cada lado do rio.
Canaã ficou dividida então da seguinte maneira: Rúbem, Gade, e uma metade da tribo de Manassés ficaram na região de Gileade, a leste do rio Jordão; as outras nove tribos e meia ficaram na região a oeste do rio, entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, que antigamente era chamado de mar Grande.
Quando os guerreiros das duas tribos e meia de Gileade puderam voltar para casa, quando o assentamento das tribos foi concluído, depararam-se com um problema: sentiram-se um tanto isolados do restante de Israel que estava do outro lado do rio Jordão, por isso resolveram construir um altar ao qual denominaram altar de testemunho, com a finalidade de fazer com que as outras nove tribos e meia não os excluíssem posteriormente. Todo esse episódio está narrado no capítulo 22 do livro de Josué.
A construção do altar gerou um mal entendido e fez com que as nove tribos e meia se preparassem para uma guerra. Essa pré-disposição aconteceu porque essa geração tentou cumprir à risca todas as recomendações de Moisés, conforme juraram a Josué, quando recém-empossado, como sucessor de Moisés:
“Como em tudo obedecemos a Moisés, assim obedeceremos a ti; tão somente seja o Senhor, teu Deus, contigo, como foi com Moisés.
Todo homem que se rebelar contra as suas ordens e não obedecer as suas palavras em tudo quanto ordenares será morto (Josué 1:17,18).
Antes de iniciarem a guerra as nove tribos e meia resolveram enviar uma comissão de lideres de Israel, comandados pelo já conhecido e respeitado Finéias, sacerdote e neto de Arão. A comissão pediu explicações às duas tribos e meia, lembrando-lhes o grave incidente de Baal-Peor, no qual Finéias tomou uma atitude aparentemente radical, mas necessária, que fez cessar a praga que causou grande mortandade em Israel.
As duas tribos e meia responderam que estavam prontas a arcar com as conseqüências de seus atos, caso tivessem errado; explicaram então à comissão que o “altar do testemunho” tinha apenas a finalidade de simbolizar a unidade de todas as tribos, que, apesar de estarem separadas pelo rio Jordão, eram um só povo. Com essa explicação a comissão deu-se por satisfeita e tudo ficou em paz novamente.
O altar do testemunho acabou transformando-se em um teste de avaliação da fidelidade a Deus dessa geração, embora a finalidade não tenha sido essa. Pela determinação das nove tribos e meia ficou provado que o povo levou a sério tudo o que Moisés lhe havia ensinado.
As nove tribos e meia agiram com sabedoria, quando enviaram uma comissão que bem as representava, e que tinha um líder zeloso pelas coisas de Deus e de reconhecida autoridade espiritual entre o povo, como era Finéias, filho de Eleazar, o sumo sacerdote, que era filho de Arão. Outra grande lição que aprendemos com esse incidente de final feliz, é que nunca devemos tomar decisões precipitadamente, e sem antes averiguarmos os fatos reais.


10)   RECOMENDAÇÕES FINAIS DE JOSUÉ:

Os capítulos 23 e 24 do livro de Josué registram suas últimas palavras de exortação ao povo de Israel, pois, de maneira semelhante a Moisés, também preocupou-se com o que aconteceria com o povo após a sua morte.
Josué foi muito sábio na escolha do lugar onde reuniu o povo para ouvir suas ultimas exortações. Josué escolheu a cidade de Siquém, que voltando à nossa memória lembramo-nos de que Siquém situava-se entre os dois morros gêmeos Ebal e Gerizim, que simbolizavam a maldição e a bênção, respectivamente, e foi o local onde o povo prestou juramento da aliança com Deus, quando o povo tinha entrado em Canaã e Josué estava recém-empossado.
Primeiramente Josué fez o povo de Israel lembrar-se dos feitos de Deus:
“Vós já tendes visto tudo quanto fez o Senhor, vosso Deus, a todas estas nações por causa de vós, porque o Senhor, vosso Deus, é o que pelejou por vós” (Josué 23:3).
Josué lembrou-lhes que as vitórias só tinham acontecido porque Deus, o Senhor dos Exércitos, sempre esteve a frente nas batalhas.
Josué relembrou-lhes uma exortação semelhante a que Deus tinha feito a ele:
“Esforçai-vos, pois, muito para guardardes e cumprirdes tudo o quanto está escrito no Livro da Lei de Moisés, para que dela não vos aparteis, nem para a direita nem para a esquerda; para que não vos mistureis com estas nações que restaram entre vós.
Não façais menção dos nomes de seus deuses, nem por eles façais jurar, nem o sirvais, nem os adoreis.
Mas ao Senhor, vosso Deus, vos apegareis, como fizestes até o dia de hoje” (Josué 23:6-8).
O segredo da vitória está em jamais afastar-se da Palavra de Deus. Josué lembrou-lhes que só agindo assim eles haveriam de não se misturar e adotar os costumes abomináveis daquelas nações. O apóstolo Paulo, em sintonia com Josué exorta-nos a não tomarmos a mesma forma do mundo (ler Romanos 12:2), ou seja, agirmos da mesma maneira que age a sociedade sem Deus de nossos dias. Josué também recomenda que nem os nomes dos deuses, ou demônios a quem aqueles povos serviam, deveriam ser mencionados pelo povo de Deus.
Josué exorta Israel sobre a maneira como deveria servir a Deus:
“Portanto, empenhais-vos em guardar a vossa alma, para amardes o Senhor, vosso Deus. Porque, se dele vos desviardes e vos apegardes ao restante dessas nações ainda em vosso meio, e com elas vos aparentardes, e com elas vos misturardes, e elas convosco, sabei, certamente, que o Senhor, vosso Deus, não expulsará mais estas nações de vossa presença, mas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais nessa boa terra que vos deu o Senhor, vosso Deus” (Josué 23:11-13).
Josué ensina-nos que devemos servir a Deus por amor e não por medo. Josué lembra ao povo que as nações que ainda não tinham sido despojadas ficariam para disciplina de Israel, caso ele se afastasse de Deus. Isso é muito importante e se aplica a nós hoje, pois quando as coisas estão muito tranqüilas, geralmente nos acomodamos e até relaxamos com as coisas do reino de Deus; vale lembrar que entretenimento para nos afastar de Deus é o que não falta no mundo de hoje.
Josué também advertiu Israel para que não quebrasse a sua aliança firmada com Deus:
“E sucederá que, assim como vieram sobre vós todas estas boas coisas que o Senhor, vosso Deus, vos prometeu, assim cumprirá o Senhor contra vós outro todas as ameaças até vos destruir de sobre a boa terra que vos deu o Senhor, vosso Deus.
Quando violardes a aliança que o Senhor, vosso Deus, vos ordenou, e fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, a ira do Senhor se acenderá sobre vós, e logo perecereis na boa terra que vos deu” (Josué 23:15,16).
O pastor Pedro Moura, professor de hebraico, diz que ira de Deus no sentido da língua hebraica é quando Deus se sente impedido de exercer o seu amor por causa de nossos pecados. Enquanto o povo estivesse junto de Deus, os inimigos não o atingiriam, mas se pecassem, afastariam-se de Deus cada vez mais, pois a santidade de Deus não convive com o pecado. E nessa situação o povo haveria de sofrer, pois vale lembrar que quanto mais próximo estivermos de Deus, menores nossos inimigos se tornarão e, em caso contrário, os nossos inimigos se fortalecerão contra nós e nos esmagarão.
Josué também fez o povo lembrar-se de Balaão, o profeta corrupto, que foi contratado para amaldiçoar Israel, mas ele recorda-se de que Deus interveio, obrigando Balaão a transformar sua maldição em bênção (ler Josué 24:9,10). Eis um pequeno trecho da bênção pronunciada por Balaão a Israel:
“Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas são as tuas moradas, ó Israel! Como vales que se estendem, como jardins à beira dos rios, como árvores de sândalo que o Senhor plantou, como cedros junto às águas” (Números 24:5,6).
Foi de grande valor que Josué tivesse se lembrado desse fato, pois quando foi feita essa profecia, Israel estava peregrinando num deserto escaldante e morando em tendas, mas quando Josué lembrou desse fato, despedindo-se do povo, Israel estava morando em boas casas, fazendo cumprir assim a profecia que Deus colocou na boca de Balaão.
Josué também exortou ao povo que fosse um povo agradecido pelas bênçãos de Deus:
“Dei-vos a terra em que não trabalhastes e cidades que não edificastes, e habitais nelas; comeis das vinhas e dos olivais que não plantastes” (Josué 24: 13).
Finalmente, Josué fez o povo jurar que manteria a fidelidade a Deus e pronunciou uma frase que celebrizou-se como um dos textos mais conhecidos da Bíblia:
“Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram os vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor.
Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram os vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:14,15).
O povo respondeu a Josué e então aconteceu o último dialogo entre Josué e Israel:
“Não; antes, serviremos ao Senhor.
 Josué disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes o Senhor para o servir. E disseram: Nós o somos.
Agora, pois, deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao Senhor, Deus de Israel.
Disse o povo a Josué: Ao Senhor, nosso Deus, serviremos e obedeceremos à sua vós.
Assim, naquele dia, fez Josué aliança com o povo e lha pôs por estatuto e direito em Siquém.
Josué escreveu estas palavras no Livro da Lei de Deus; tomou uma grande pedra e a erigiu debaixo do carvalho que estava em lugar santo do Senhor.
Disse Josué a todo povo: Eis que esta pedra nos será testemunha, pois ouviu todas as palavras que o Senhor nos tem dito; portanto, será testemunha contra vós outros para que não mintais a vosso Deus.
Então, Josué despediu o povo cada um para sua herança.
Depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num, servo do Senhor, faleceu com a idade de cento e dez anos...
Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué e que sabiam todas as obras feitas pelo Senhor a Israel” (Josué 24.21-31).


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Estudo 6 - 3º Período


ESTUDO 6
CONTRATOS SÃO FEITOS PARA SEREM CUMPRIDOS.



INTRODUÇÃO:

“Deus não tem compromisso com quem não tem compromisso com Ele” (Pastor Vitor Hugo).
O pastor Ivênio dos Santos costuma falar: “O homem só é livre para escolher por quem quer ser governado: por Deus ou pelo Capeta”.
Para o homem assumir o pacto com Deus, ele tem que obrigatoriamente deixar seus pecados ao pé da cruz, pois é isso que Deus requer de nós.
Deus anunciou ao povo de Israel o pacto que estava selando com ele, fazendo-lhe promessas maravilhosas, mas exigiu reciprocidade, como acontece em qualquer contrato selado entre homens, que possui cláusulas para serem cumpridas, tanto pelo contratante como pelo contratado. Quem quebrar qualquer cláusula, terá que arcar com as conseqüências, previamente acordadas no contrato selado. Foi isso que Deus propôs a Israel:
“Eis que, hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.
Quando, porém, o Senhor, teu Deus, te introduzir na terra a que vais para possuí-la, então, pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim e a maldição sobre o monte Ebal...
Tende, pois, cuidado em cumprir todos os estatutos e os juízos que eu, hoje, vos prescrevo” (Deuteronômio 11.26-32).
O monte Ebal e o monte Gerizim ficavam próximo de Gilgal e Jericó, junto ao rio Jordão. Entre eles ficava a cidade de Siquém. Deus selou o pacto com Israel usando esses dois montes, porque seriam referenciais permanentes do pacto acertado entre Ele e seu povo. Tanto isso é verdade, que o monte Gerizim, que simbolizava a bênção, e o monte Ebal, que simbolizava a maldição, estão lá até hoje; a cidade de Siquém também encontra-se no mesmo lugar, como testemunha desse pacto. Deus mostrou para Israel a maneira como Ele cuidaria da terra de Canaã:
“Porque a terra que passais a possuir não é como a terra do Egito, donde saístes, em que semeáveis a vossa semente e, com o pé, a regáveis como a uma horta; mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas; terra de que cuida o Senhor, vosso Deus; os olhos do Senhor, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.
Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar o Senhor, vosso Deus, e de o servir de todo vosso coração e de toda vossa alma, darei as chuvas da vossa terra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhas o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite.
Darei erva no vosso campo aos vossos gados, e comereis e vos fartareis...
Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos.
Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos.
Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas” (Deuteronômio 11.10-20).
O Egito era um lugar privilegiado por ser irrigado pelos canais do delta do rio Nilo, que na época das enchentes fertilizava a terra, tornando-a muito produtiva. Canaã era regada pelo rio Jordão, que, se fosse comparado ao rio Nilo, seria como que um filete de água, infinitamente inferior tanto em extensão quanto em volume. Canaã era uma boa terra, de montes e de vales, que dependia muito das chuvas mandadas por Deus. Se Israel permanecesse fiel a Deus, ela continuaria abençoada e manando leite e mel, da maneira como Israel a conheceu, quando ali chegou.
O capítulo 26 de Levítico e o 28 de Deuteronômio contém mais versículos sobre as maldições do que sobre as bênçãos. Isso tem sentido, pois o ser humano é propenso ao mal. Reconhecendo essa realidade, o rei Davi expressou:
“Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51.5).
Deus trabalha mais em nós aquelas áreas em que mais necessitamos, por isso Ele enfatizou mais as maldições, para que não fôssemos alcançados por elas. Mas, o que tem ocorrido é que, geralmente nós temos a tendência de pinçarmos as promessas de bênçãos da Bíblia e fecharmos os olhos às exortações que a Palavra de Deus nos traz. O pecado traz conseqüências, que a Bíblia chama de maldições, que são tão inevitáveis quanto a morte.


1)       AS BÊNÇÃOS DA ALIANÇA:

“Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para que não fosseis seus escravos; quebrei os timões do vosso julgo e vos fiz andar eretos” (Levítico 26.13). “Porei o meu tabernáculo no meio de vós e a minha alma não vos aborrecerá.
Andarei entre vós e serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo” (Levítico 26.11,12).
“Se atentamente ouvires a voz do Senhor, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o Senhor, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra.
Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas essas bênçãos: bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo.
Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas.
Bendito o teu cesto e a tua amassadeira.
Bendito serás ao entrares e bendito, ao saíres.
O Senhor fará que sejam derrotados na tua presença os inimigos que se levantarem contra ti; por um caminho sairão contra ti, mas por sete caminhos fugirão da tua presença.
O Senhor determinará que a bênção esteja nos teus celeiros e em tudo o que colocares a mão; e te abençoará na terra que te dá o Senhor, teu Deus.
O Senhor te constituirá para si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor, teu Deus, e andares nos seus caminhos.
E todos os povos da terra verão que és chamado pelo nome do Senhor e terão medo de ti...
O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu para dar chuva para tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.
O Senhor te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te ordeno para os guardar e cumprir.
Não te desviarás de todas as palavras que hoje te ordeno, nem para direita nem para esquerda, seguindo outros deuses, para os servires” (Deuteronômio 28.1-14).
Esse texto está repleto de promessas de Deus. Mas é importante prestar atenção ao fato de que essas promessas são condicionadas à obediência à proposta divina. O propósito de Deus era colocar Israel acima de todas as nações da terra, para que todas as outras nações também fossem abençoadas, como Deus tinha prometido a Abraão.
Deus estava constituindo Israel como seu povo santo e exclusivo, por isso Ele abriria as janelas dos céus para derramar bênçãos e mais bênçãos sobre seu povo, para que o Seu nome fosse glorificado em todas as nações. Israel, como povo de Deus, passaria a ser temido por todos os outros povos. É muito conhecido e usado em nossos dias a parte desse texto bíblico que diz: “O Senhor te porá por cabeça e não por cauda”. Mas também seria importante que se enfatizasse a condicional de Deus, que complementa esse versículo, por isso convém repeti-lo na integra:
“O Senhor te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te ordeno para os guardar e cumprir” (Deuteronômio 28.13).


2)       A QUEBRA DA ALIANÇA E AS SUAS CONSEQÜÊNCIAS:

“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão: maldito serás tu na cidade e maldito serás no campo.
Maldito o teu cesto e a tua amassadeira.
Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas.
Maldito serás ao entrares, e maldito, ao saíres.
O Senhor mandará sobre ti a maldição, a confusão e a ameaça em tudo quanto empreenderes, até que sejas destruído e repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, com que me abandonaste” (Deuteronômio 28.15-20).
 Deus apresentou essas cláusulas em sua aliança com Israel. A vontade de Deus era que seu povo honrasse tudo aquilo que tinha acertado com Ele em aliança. A santidade de Deus não coaduna com o pecado, por isso essas advertências eram semelhantes à mesma condição que Deus colocara diante de Adão e Eva: Escolher o bem ou o mal, a vida ou a morte. O homem sempre é livre para escolher, mas Deus, por ser fiel à tudo aquilo que trata, não anula o que está registrado na Sua Palavra. Se um contrato entre homens tem que ser honrado por ambas as partes, muito mais nós teremos que honrar o que assumimos com Deus. Temos que prestar atenção às condições, previamente estabelecidas, para que não venhamos depois a nos fazer de desentendidos e sentirmo-nos injustiçados, e ainda chegarmos ao absurdo de murmurarmos contra Deus, quando tudo começar a dar errado.
“O Senhor fará que a pestilência te pegue a ti, até que te consuma a terra a que passas para possuí-la.
O Senhor te ferirá com a tísica, e a febre, e a inflamação, e com o calor ardente, e a secura, e com o crestamento e a ferrugem; e isso te perseguirá até que pereças.
Os teus céus sobre a tua cabeça serão de bronze; e a terra debaixo de ti será de ferro.
Por chuva da tua terra, o Senhor te dará pó e cinza; dos céus, descerá sobre ti, até que sejas destruído.
O Senhor te fará cair diante dos teus inimigos; por um caminho, sairás contra eles, e, por sete caminhos, fugirás diante deles, e serás motivo de horror para todos os reinos da terra...
Apalparás ao meio-dia, como o cego apalpa nas trevas, e não prosperarás nos teus caminhos; porém somente serás oprimido e roubado todos os teus dias; e ninguém haverá que te salve”. (Deuteronômio 28.21-29).
 A saúde, as chuvas e uma lavoura produtiva são sinais da bênção e do cuidado de Deus. No entanto, as doenças, as secas e as pragas da lavoura são sintomas de uma terra amaldiçoada pelo pecado. Todos os males que afligem a humanidade, se originam no pecado, por isso só há uma única maneira de vivermos bem aqui na terra: andando permanentemente na presença de Deus. Vale lembrar que, no contexto de Deuteronômio, Israel tinha que herdar uma terra, no sentido literal, que era Canaã. Para um povo que tinha sido escravo, isso era realmente uma grande bênção. Mas na realidade, Deus estava preparando Israel para receber Jesus, o Messias prometido. Por isso Israel tinha que ser um povo santificado. Em nosso contexto, os bens materiais não fazem tanto sentido como fazia para Israel naquela época. Estamos caminhando para os finais dos tempos e aguardando a volta de Jesus. Nosso coração não tem que estar firmado aqui na terra, mas no céu. Podemos entender que, independente de qualquer circunstância pela qual o mundo esteja passando, Deus estará conosco e sobre nós sempre estará a sua bênção.
“Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás casa, porém não morarás nela; plantarás vinha, porém não a desfrutarás.
O teu boi será morto aos teus olhos, porém dele não comerás; o teu jumento será roubado diante de ti e não voltará a ti; as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos; e ninguém haverá que te salve.
Teus filhos e tuas filhas serão dados a outro povo; os teus olhos o verão e desfalecerão de saudades todo o dia; porém a tua mão nada poderá fazer...
Virás a ser pasmo, provérbio e motejo entre todos os povos a que o Senhor te levará.
Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá...
O estrangeiro que está no meio de ti se elevará mais e mais, e tu mais e mais descerás.
Ele te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça e tu serás por cauda.
Todas essas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído, porquanto não ouviste a voz do Senhor, teu Deus, para guardares os mandamentos e os estatutos que te ordenou...
Porquanto não serviste ao Senhor, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo” (Deuteronômio 28.30-47).
 Uma família só poderá manter-se unida e estruturada enquanto estiver vivendo na presença de Deus, caso contrário, ela não subsistirá. Israel seria o povo referencial para todos as nações da terra enquanto estivesse na presença de Deus, mas caso quebrasse o compromisso assumido, ele se tornaria em vergonha e horror para as outras nações. A falta de fidelidade faria Israel tornar-se cauda ao invés de cabeça. Da mesma forma que a desobediência trouxe conseqüências para Israel, também trará para nós:
“Todas essas maldições virão sobre ti e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído, porquanto não ouviste a voz do Senhor, teu Deus, para guardares os mandamentos e os estatutos que te ordenou” (Deuteronômio 28.45).
 O pecado gera maldição. Isso tem muito a ver com a aparição de doenças como a AIDS, e outras, que fizeram, e continuam fazendo, vítimas em todo mundo. O pecado também tem muito a ver com o ressurgimento de doenças que, inocentemente, pensávamos terem desaparecido. A tuberculose foi uma dessas doenças, que como as outras retornou com resistência muito maior aos antibióticos que, em épocas passadas,  facilmente a combatiam.
Em Deuteronômio 28.47 Deus fala que se agrada de um culto verdadeiro, que nasça de um coração que lhe seja agradecido, e que reconheça o Seu cuidado e a Seu senhorio.
É um tanto chocante o registro de Deuteronômio 28.53:
 “Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor, teu Deus, na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão”.
Como Israel descumpriu o que tinha assumido com Deus, essa previsão cumpriu-se literalmente, quando os pais tiveram que comer os próprios filhos, quando Jerusalém ficou cercada pelo rei Nabucodonosor durante dezoito meses, até que toda comida da cidade se acabasse.
É muito importante a exortação de Deus em Eclesiastes 5.4 que diz:
 “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpri o voto que fazes”.
Os termos da aliança de Deus com seu povo foram estabelecidos no monte Sinai, e ficaram registrados em Levítico 26, e foram ratificados em Deuteronômio 28. A partir de então, as bênçãos estão totalmente liberadas a quem vive dentro da aliança com Deus. O profeta Isaías nos responde porque muitas vezes, não recebemos as bênçãos que Deus já nos deu por promessa:
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaias 59.2).
Não faz mais nenhum sentido ficarmos pedindo que Deus libere bênçãos para nós, se isso já está estabelecido na sua Palavra, que jamais passará ou deixará de se cumprir, como afirmou Jesus. Quem vive em comunhão com Deus já é naturalmente abençoado. Nós é que determinamos se queremos ou não as bênçãos de Deus, com a nossa atitude de honrarmos ou não o que assumimos com Ele.
Após se passarem quinze séculos da promulgação da Lei de Deus, o apóstolo João afirmou que os mandamentos de Deus “não são penosos” (1João 5.3b). Isso já tinha sido falado por Deus:
“Por este mandamento que, hoje, te ordeno não é demasiado difícil, nem está longe de ti” (Deuteronômio 30.11).
 O salmo 33 é profundo ao referir-se a Deus e à Sua Palavra:
 “Porque a palavra do Senhor é reta, e todo o seu proceder é fiel...
A terra está cheia da bondade do Senhor” (Salmo 33.4,5).
O apóstolo João, que também tinha esse entendimento e era muito íntimo de Jesus, nos exortou:
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo, que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida não procede do Pai, mas do mundo” (1 João 2.15,16).
O rei Davi também dá sua opinião sobre a Lei de Deus:
“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma;... Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.
Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que o ouro,... e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; e em os guardar há grande recompensa” (Salmo19.7-11)
O apóstolo João, Davi e o autor do salmo 33, reconheciam uma coisa que nós também precisamos reconhecer:
“A terra está cheia da bondade do Senhor” (Salmo 33.5b).
Por isso, para eles, obedecer a Lei de Deus não era penoso.
Tornar-se um legalista, por medo de ser castigado por Deus, não tem nenhum sentido, pois o nosso aferidor diante de Deus, que é onisciente, é a nossa motivação, que tem que ser verdadeira. Não devemos obedecer a Deus por medo, mas porque o amamos, por tudo o que Ele é, e por tudo que fez por nós.
Ao glorificar o nome de Deus pela grandiosidade da Criação, e declarar o quanto amava a Palavra de Deus, Davi, no Salmo 19, insere uma oração que, numa primeira impressão dá-nos a idéia de que está fora do contexto da poesia do Salmo:
“Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão” (Salmo 19.13).
 Davi foi vítima de sua própria soberba, no incidente de Bate-Seba e, de maneira mais contundente, no caso do censo, por isso ele implorou a Deus que o livrasse desse pecado tão destruidor, pois somente assim ele se tornaria “irrepreensível” diante de dEle. A soberba é um dos três pecados citados por João. Desses três pecados, que são o desejo da carne, o desejo dos olhos, e a soberba da vida, se originam todos os outros. Da soberba, que foi o pecado original de Lúcifer, e de Adão e Eva, se originam os dois primeiros, pois o homem só se converte no momento em que ele se quebranta diante de Deus, por isso o Senhor alertou a quem não se quebrantasse diante dEle:
“Quebrantarei a soberba da vossa força” (Levítico 26.19).
Os profetas bíblicos são unânimes e incansáveis em condenar a soberba de Israel, de Judá e de todas as nações, pois ela parece ser o maior empecilho para o homem achegar-se a Deus.


3)       A INFIDELIDADE DE ISRAEL RETRATADA NOS SALMOS:

Ao recontarem a história do Êxodo, os salmistas exaltam a ação de Deus, mas lamentam as várias infidelidades de Israel à aliança assumida com Deus.
Não tivemos o privilégio de ver a ação sobrenatural de Deus nos milagres impressionantes, que aconteceram desde a saída do Egito até a chegada em Canaã. Temos, no entanto, que agradecer a Deus por termos hoje a Sua Palavra, facilmente acessível, para nos ensinar com os acertos e erros de Israel.
O Salmo 78 é o segundo maior salmo da Bíblia, só sendo menor que o salmo 119. Talvez a sua dimensão cause-nos preguiça de lê-lo. Mas, esse salmo é fantástico e muito edificante; por isso ele deve ser lido constantemente. Ele registra a misericórdia de Deus a um povo rebelde e ingrato:
“Geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus...
Não guardaram a aliança de Deus, não quiseram andar na sua lei; esqueceram-se das obras e das maravilhas que lhes mostrara”. (Salmo 78.8-11)
Na geração do Êxodo haviam escarnecedores, que murmuravam contra Deus, expressando-se com ironia de deboche:
“Tentaram a Deus pedindo alimento que lhes fosse do gosto.
Falaram contra Deus, dizendo: pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?...
Pode ele dar-nos pão também? Ou fornecer carne para o seu povo? (Salmo 78.18-20).
 A atitude de alguns rebeldes daquela geração, que pediam “alimento que lhes fosse do gosto”, deve servir de exortação para a geração de nossos dias, que influenciada por falsos mestres, que por não ensinarem a Palavra de Deus, mas apenas a visão do seu coração, induzem o povo a agir como aqueles murmuradores, que desejavam que Deus satisfizesse todas as suas vontades.
Apesar da rebeldia e ingratidão do povo o salmista lembra que Deus enviara uma nuvem de codornizes que, talvez por estarem exaustas, caíram em grande quantidade em volta das tendas do acampamento, e os israelitas nem sequer tiveram o trabalho de caçá-las Nem esse milagre fez com que reconhecessem o cuidado de Deus, pois achavam-se merecedores:
“Então, comeram e se fartaram a valer; pois lhes fez o que desejavam” (Salmo 78,.29).
Além de não agradecerem a Deus pelo alimento, excederam-se em uma glutonaria desenfreada, o que irritou a Deus, que fez com que muitos morressem:
“Porém não reprimiram o apetite. Tinham ainda na boca o alimento, quando se elevou contra eles a ira de Deus, e entre os seus mais robustos semeou a morte, e prostrou os jovens de Israel”. (Salmo 78.30,31)
Os milagres, verdadeiros ou falsos, são capazes de atrair multidões. Os seguidores de milagres, que também aglomeravam-se em volta de Jesus, na hora do seu julgamento bradaram: “Seja crucificado!” (Mateus 27.25). O salmista lamenta que, apesar dos feitos de Deus, os incrédulos permaneceram no seu pecado. Em conseqüência disso, muitos tiveram a vida encurtada. O livro de Deuteronômio registra inúmeras vezes que a obediência a Deus prolonga os nossos dias de vida aqui na terra, e, que esta é a vontade de Deus para nós. Quem abre mão da proteção de Deus, fica mais exposto a todos os males e às surpresas desagradáveis e até fatais, às quais estamos sujeitos diariamente, pois vivemos num mundo que “jaz no maligno”. (1João 5.19b)
Asafe, autor do Salmo 78, usou até de ironia quando referiu-se ao grupo rebelde do Êxodo:
“Quando os fazia morrer, então o buscavam; arrependidos, procuravam a Deus...
Lisonjeavam-no, porém de boca, e com a língua lhe mentiam”. (Salmo 78.34,36)
O “arrependimento” do grupo rebelde era pura hipocrisia, pois só acontecia quando as coisas ficavam difíceis. Uma das maiores tolices que o ser humano pode fazer é querer enganar a Deus que conhece todas as coisas, inclusive os nossos pensamentos. É melhor irmos a uma atividade de lazer, ou fazer qualquer outra coisa, do que apresentarmos a Deus um culto hipócrita.
O grupo gospel Oficina G3 canta uma canção que mostra o quanto a nossa geração é semelhante à geração do Êxodo:
 “Brasil... terra de um povo indiferente, que lembra de Deus quando tudo vai mal, depois se esquece e acha tudo normal”.
É comum as pessoas buscarem a Deus na hora do desespero, mas quando a corda do pescoço é aliviada, elas viram as costas para Deus, que as socorreu. Parece que nossa geração extrapolou na filosofia do descartável: primeiramente os objetos tornaram-se descartáveis. Depois, as pessoas também passaram a ser descartáveis. Por fim vemos a geração pós-moderna tentando descartar Deus, como se isso fosse possível. Se as motivações de um culto apresentado a Deus são o medo e a barganha, o efeito será contrário e esse culto será uma oferta rejeitada, como foi a oferta de Caim. As motivações de nosso culto têm que ser com um coração grato, com amor e temor.
Asafe nos faz lembrar porque Deus não destruiu Israel e também não nos destrói:
“Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniqüidade e não destrói; antes, muitas vezes desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação. Lembra-se de que eles são carne, vento que passa...”. (Salmo 78.38,39)
O Salmo 81 expressa o quanto Deus desejava abençoar o seu povo:
“Ouve, povo meu, quero exortar-te. Ó Israel se me escutasses! Não haja no meio de ti deus alheio, nem te prostres ante deus estranho.
Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito...
Mas o meu povo não me quis escutar a voz, e Israel não me atendeu.
Assim, deixei-o andar na teimosia do seu coração; siga os seus próprios conselhos.
Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos!
Eu, de pronto, lhe abateria o inimigo e deitaria mão contra os seus adversários.
Os que aborrecem ao Senhor se lhe submeteriam, e isto duraria para sempre. Eu o sustentaria com o trigo mais fino e o saciaria com o mel que escorre da rocha” (Salmo 81.8-16).
 Esses versos demonstram o quanto Deus amava Israel, e também nos ama, apesar da nossa teimosia e rebeldia, tão próprias do ser humano. Parece que o sofrimento é o único combustível que nos mantém na presença de Deus.
Se Israel tivesse dado ouvidos a Deus, a história do mundo teria sido outra. Os Impérios Babilônico, Persa, Grego e Romano talvez nem tivessem existido. O profeta Jeremias, que Deus chamou para ser “profeta às nações” (Jeremias 1.5b) e não “profeta chorão”, como alguns diziam, registra que Deus levantou Nabucodonosor para derrubar, ao mesmo tempo, Egito e Assíria, que eram os gigantes daquele contexto, porque eles tinham sido referenciais nocivos à Israel, que neles buscava socorro, em vez de recorrer a Deus.
O Salmo 105 tem um conteúdo de agradecimento pelos grandes feitos de Deus, conforme ele se inicia:
“Rendei graças ao Senhor, invocai o eu nome, fazei conhecidos, entre os povos os seus feitos” (Salmo 105.1).
 No verso 8, o autor nos faz lembrar que a aliança que Deus assumiu com Israel e conosco é eterna.
O salmista também lembra a proteção de Deus a Abraão e Isaque, e suas mulheres, Sara e Rebeca, respectivamente, e o cuidado com seus profetas:
“Então, eram eles, em pequeno número, pouquíssimos e forasteiros nela,
Andavam de nação em nação, de um reino para outro reino.
A ninguém permitiu que os oprimissem; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas”. (Salmos 105.12-15)
O salmo 105 registra que os egípcios se alegraram quando Israel partiu, tal foi o terror que Deus lhes infundira, e também relembra a nuvem de Deus, que fazia sombra durante o dia e tomava aspecto de fogo durante a noite, para iluminar o acampamento (ler salmo 125.38,39).
O salmo 106 é um dos mais abrangentes da Bíblia, pois reconta a história de Israel, que vai do Êxodo até depois do exílio na Babilônia, quando Israel se achava espalhado por várias nações que faziam parte do vasto Império Persa. Essas evidências indicam que o autor desse salmo deve ser Esdras, o grande legislador da reedificação do Israel do período pós-exílico, momento que será estudado mais à frente.
O salmista inicia o salmo rendendo graças a Deus por tantas dádivas imerecidas. Ele relaciona todos os episódios que marcaram o Êxodo e que estão registrados principalmente no livro de Números.
Um dos episódios citados é a rebelião de Coré, Datã e Abirão, que foram tragados pela terra que se abriu debaixo de seus pés. Outros fatos que foram lembrados pelo salmista são os episódios do bezerro de ouro e o dos espias (Salmo 106.16-18).
O Salmo 106 também faz importante citação de um jovem chamado Finéias, que deve ser tomado como exemplo para os jovens de hoje. Finéias era filho de Eleazar, que era filho de Arão. O fato que deu notoriedade ao seu nome iniciou-se com Balaão, um profeta da Babilônia, bastante estranho, que o rei de Moabe contratou para que amaldiçoasse Israel. Nem o milagre de Deus fazer uma jumenta falar foi suficiente para despertar Balaão da bobagem que pretendia fazer. Deus obrigou Balaão a abençoar Israel em vez de amaldiçoá-lo. Mas como Balaão era corrupto, ele arrumou um jeito de Israel ser castigado por Deus: aconselhou Balaque, rei de Moabe, a oferecer as jovens moabitas para que se prostituíssem com os jovens de Israel, que caíram na armadilha de Balaão, e ainda foram induzidos a participarem dos sacrifícios a falsos deuses. Com isso, Deus mandou uma praga sobre Israel, que chegou a matar vinte e quatro mil homens. No auge desta crise, o jovem sacerdote Finéias entrou com uma lança numa tenda e com ela atravessou pelo ventre, um israelita e uma moabita que estavam se relacionando sexualmente. Essa atitude de Finéias aplacou a ira de Deus e fez cessar a praga sobre Israel. Por isso o salmista registrou:
“Então, se levantou Finéias e executou o juízo; e cessou a peste. Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para sempre” (Salmo 106.30,31).
 O episódio que envolveu Balaão e Finéias encontra-se em Números, capítulos 22 a 25. É importante não confundir Finéias, neto de Arão, com Finéias filho de Eli, que morreu nas mãos dos filisteus, juntamente com seu irmão Hofni, por fazerem o que era mal aos olhos de Deus.

O Salmo 106 lamenta os desvios de Israel, após o período áureo em que reinou o rei Davi, mas este é um assunto que será estudado mais a frente nesse livro.